quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

kapka kassabova

....'ele deve ser bósnio ou albanês'.
'não, Ela é búlgara'
'to começando':
Emrah diz:

My Life in Two Parts

1

Outside my window is a row of poplars
growing from the turf of childhood.
Poplars grow in rows, never on their own.
It is Christmas. The sky is full of stars,
the branches are bare,
the wolves distant and menacing.
Now is the only time for oranges.
Their brisk fragrance fills the nails
as we lie in cold rooms high in the Balkans
dreaming of palm trees and the world.

2
Outside my window is a palm tree.
It is winter. The sky is enormous
and the ocean follows the moon.
Oranges are on the window-sill with other
tropical fruit no longer of interest
Bright-plumed parakeets sway in the palm tree
and that's the only time I look up.
I lie in the low, stuffy rooms of adulthood
dreaming of poplars and the world.
Always they come in rows.


Emrah diz:
- Kapka Kassabova, 'My Life in Two Parts' in ed. Michael Hanne, Creativity in Exile (Amsterdam: Rodopi, 2004): 138-9

algumas considerações...

" sou uma pessoa de sotaque "
"sou uma pessoa de literatura comparativa"

-"aqui são 6 da tarde"
-"6 da tarde tá muito longe pra mim
e você ja está nela"

"o cara era desses de óculos torto
em um quartinho cheio de livros"
"eu to sufocado com tanta liberdade"
"vou ter que atravessar o pacífico para quebrar alguns pescoços"






.

macarronice gótica paternal.



eu compraria sua angústia
se pudesse
porque qualquer que seja ela
não é maior que a minha,
que é bicho do mato
desses que te picam como carrapato
e você não vê.

eu trocaria sua angústia pela minha
qualquer uma é melhor
do que essa que eu sinto
que mal me faz,
não, minto.

eu assumiria sua angústia
no lugar dela te daria paz
poria a sua no meu lugar
se a minha pudesse acabar
porque não há nesse mundo
angústia pior
do que tê-la
se mal não lhe faz.

eu roubaria sua angústia
na cara dura.
a resolveria
a esmagaria
e dormiria.

ela eu levaria
comigo até a morte.
te deixaria livre
sem angústia
se pudesse pegar a sua prá mim
e trancar a minha em um caixa forte.

eu enterraria minha angústia
no cemitério do araçá
na tumba da sua família
que é minha
e mal não há.

espiaria então aliviada
no mármore da própría lápide
de baixo da terra
ao lado dela:
"aqui jaz aquela
que tirou a angústia de alguém
mas a sua,
foi sepultada com ela".



.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

geração prozac.


quinta- feira. você acorda. seu cabelo tá horrível. você precisa voltar a ser uma pessoa normal, cortar esse cabelo e se apresentar a sociedade depois de uma semana socada dentro de um apartamento. mas como você vai pagar? você não tem um puto. calma. você toma aquele remédio 'igual a prozac' que a ex namorada do seu amigo deixou na gaveta da casa dele e você roubou outro dia. você liga prá kika. ela: 'vem prá cá guria vou te deixar linda'. a kika mora nos fundos de um sobrado de sonhos desses de terreno fundo e cheio de árvore de perdizes que a dona é uma velhinha e chama dona deolinda. parecia um sítio mágico. o sítio da 'kika poney'. vocês eram 5. contando com as duas amigas lindas da kika que tavam lá e os dois vira-latas da casa: o duda e a tulipa, que era bonita e tinha um olho de cada cor. é incrível o poder que um ser de olho bicolor causa no ser humano. se um for azul então.
vocês compram umas latinhas de cerveja no posto, fumam um cigarrinho, você lembra do 'tipo prozac' que tomou há 1 hora átras. tá ótimo. a kika começa a session e você fica estatelada com as tesouradas de edward sissor hands dela. ela faz o 60's que você tava sonhando há meses. como se não bastasse ela te maquia e você sai de lá a cara da androide que a daryl hanna faz em blade runner. um olho preto poderoso. você amou. dá uma carona prás 'mina' até o vila madalena chega em casa já de noite e começa a se arrumar prá sair.
leva o ozzy dar um rolê dá comida pros gatos separa os discos de rock põe a blusa nova da laundry, que faz roupa boa e de QUALIDADE, passa no seu amigo, toma um malte ouvindo a música do poderoso chefão pega a amiga e vai pro vegas.
você e a parp discotecam da meia-noite as 3. você deixa os discos de vinil no carro, descobre que tem toca disco volta no estacionamento prá pegar. você toca só o ray charles dos 30 que você trouxe. tinha uma garrafa de balantines aos seus pés e de repente o vegas tinha virado um baile de adolescentes dos anos 60, ou 50, sei lá. você achou lindo.
dançou o som da dupla tibira e china de sapato bicolor, rock a billy que são. falou, cantou e finalmente vai com a marina no estadão. ela come 1 coxinha e 1 x-salada. 'magra de ruindade' iria dizer dona irani.
vai prá casa. encontra o namorado no skype. ufa. só ele pra acalmar esse coração arritmético. aliás o que uma boa conversa não salva nesse mundo? você vai dormir as 7. você está morta.
acorda meio dia com algum gato gritando levanta se arrasta até a cozinha e lembra que esqueceu a lata de coca- cola que sua amiga te deu dentro do carro. bem feito. ainda é sexta feira a tarde. toma água. faz 2 pães pulmann com requeijão. come 1. deixa o outro em cima da tv. deita de novo. fecha o olho. o telefone não para de tocar. você sabe quem é. é a advogada. ela te liga 3 vezes no fixo que fica no outro quarto. ela te liga mais 2 vezes no celular. advogado cdf é foda você pensa. você não atende.
5 da tarde você ainda dorme. a normanda liga no celular. você vê que é ela e não consegue atender. ela vai deixar recado. ela vai falar: 'sexta feira. happy hour. ibotirama. cinema'. você dorme mais 1 hora. ouve o recado dela: 'flá, sexta feira. happy hour. assistir elizabeth. cerveja?'.
você finalmente se levanta. come o outro pão pulmann gelado que ficou em cima da tv. a tarde está esplêndida. o sol a cair na barra funda está poético, alegre. mas você está deprimida. com fome. chora. o que faz? vai prá barão de limeira sua rua preferida de são paulo. lá tem tudo o que você precisa em 1 quarteirão. lotérica. padaria. mercearia. o 'dia'. locadora. banca de jornal. banco. boteco. 2 farmácias. costureira. restaurante de kilo. pizzaria. o tio do milho. açougue. a 'holandesa'. lavanderia. ótica. papelaria. cabelereiro e o tio que arruma relógio. que cair de noite lindo você pensa. sexta feira feliz na rua. tudo iluminado. com vida. pessoas indo e vindo. primeiro, você vai na holandesa. lá tem o melhor expresso do mundo e o melhor salgado. você pensa que precisa tomar menos café. você bebe mais cafè do que água. segundo, você vai no 'dia'. o 'dia' é tosco. eles põe uns carrinhos de mercado deitados no chão no meio dos caixas prá pessoas não passarem por lá e entrarem pela roleta. você prende o ozzy no lugar de sempre em um dos 5 caixas fantasmas desocupados. entra e não compra uma fruta, uma verdura nada que preste. você compra bolo frapê, geléia de morango da turma da mônica, bisnaguinha e os 2 melhores produtos do 'dia' na sua opinião de expert em bobagens. o 'choco aros' e o chocolate noir 74 % cacau. os 2 por 4 e 75. a fila do 'dia' é sempre um acontecimento. um bêbado gritando que a fila não anda. a dona de casa xingando a caixa de analfabeta. criança se esgoelando.o gerente chega prá apaziguar. ele é educado. todo mundo gosta dele já. ele explica: 'o que roubam de coisa daqui'...ele não tem os dentes da frente. mas fala melhor do que você. na fila do pão a mãe chamava a criança que tinha fugido pro corredor do ovo de páscoa. a criança não voltava a mãe berra: volta agora moleque se não a polícia vem te pegar e te mata! então é isso já virou consciente coletivo. TODO MUNDO tem medo de polícia mesmo.
já no mercado o til te liga te chama pra jantar. um passeio com o til não se recusa. você desiste de querer ficar em casa assistindo filme com os bichos e se lamentando. você olha aquela fila de gente de verdade. você se sente bem. seu dinheiro tá tão contado quanto o deles. terceiro, locadora. lá o ozzy fica preso na árvore da calçada. você aluga 'caninos brancos' e 'dear frankie'. o moço do balcão que parece o tio bicha da 'little miss sunshine' sempre te olha com uma cara de interrogação com os filmes que você aluga. ele gosta quando você vem. você aluga os filmes de catálogo que ninguém mais aluga.
que fim de tarde perfeito você pensa. e a noite tá começando de novo. tá calor. que noite foda. você põe seu vestido preto hyppie folk e sandalinha azul princesa. o til passa de galaxie. acende as caveirinhas do retrovisor, acelera e vai. uau! a gente vai pegar a bibi no bixiga. que caminho treta. são joão, duque, arouche, república, são luiz, santo antônio, rua rocha. o til conhece os 'beco', as 'ruela'. são paulo é esplendida a noite dentro de um galaxie azul. vêm a bibizinha do seu prédio novo french style. ela mesmo é uma francesinha dentro daquele tubinho preto existencialista. ela tá feliz.
a lotação tabajara ainda vai pegar o spavi. estacionam o galaxie no 'corujão' na augusta. o boteco tem 3 pessoas dentro e umas mesinhas na calçada com jovens bebendo cerveja. o spavi demora. vocês pedem uma garrafa. que sexta feira espetacular. o primo passa suado subindo do treino. toma uma com vocês. ele ouve o set de guadalajara no i-pobre. vocês se despedem. que pena. o primo sobe pra casa.
o galaxie segue seu caminho rumo a cantina do bexiga. o til estaciona em baixo da ponte. vocês escolhem a que não tem tarantella hoje. já não basta o que vocês vão rir e falar e berrar na mesa e deixar as famílias de cabelo em pé. o jantar foi um sucesso. vocês comeram como o toni soprano.
de volta ao galaxie. vocês não querem se separar. ainda é 1 da manhã. tá. vocês sobem a augusta. tá lotada. vocês nem ligam. tá tocando a trilha do carlito's way. vocês descem a augusta e decidem tomar um sorvete. tá um calor danado e uma noite linda. vocês vão pra praça vilaboim que é de boy mas tem uma sorveteria aberta e uma praça. vocês tomam sorvete no banco da praça. bibi lembra que parece interior. til lembra o moleque que batia nas crianças e que parecia o bebê de rosemary. spavi faz um bluetooth da música do poderoso chefão. essa música ainda iria tocar mais uma vez no seu fim de semana. higienópolis é tão perfeito que é chato. vocês preferem sin city.
de volta ao galaxie. sobe a augusta. param no vegas. no estacionamento. VOCÊS NÃO VÃO ENTRAR, ok. vão só estacionar o galaxie. hoje tem um dj de 'disco' embalos de sábado a noite.
você não aguenta e vai pra porta. o elton tá lá. A Marcele chega. o primo chega com o hugo é um fervo. a kika chega com um vestido de canutilho divino. a kika é definitivamente sua musa master.
você volta para o estacionamento onde a bibi aguarda sentadinha. lá é um espaço paralelo e com quantidade de gente que juntou em volta dela já virou uma sala de estar. chegou a simone e o juninho , a turma que veio ver o dj da disco music. todo mundo encostado no galaxie. parecia quando você ficava sentada no portão da sua casa com os amigos da rua falando bosta até de madrugada antes da sua mãe gritar prá você entrar.
já são 3 da manhã. alguém te convence a entrar no vegas e tomar um drink. acho que foi o primo. você entra, toma uma dose de 43, não sabe de quem foi a idéia, mas toma. tava bom com o marlboro.
vocês gostam da disco do dj coreógrafo. você lembra do studio 54 que você adora. você gosta de filmes de boate. encontra o fábio ele conta uma estória muito engraçada. o vitor tava lá. você ama a bicha.
mas vocês decidem voltar pro galaxie. deu fome de novo e vocês vão pro estadão. desta vez vai o hugo, o primo, você, a bibi e o til. acende-se a caveirinha do retrovisor. o hugo se diverte. é a primeira vez dele no galaxie, classe.
o estadão tava uma coisa. tinha gente de todo o tipo. vocês xingam os playboys saindo que entram no audy de 400 mil reais com o segurança que precisa abrir a porta pra eles. cuzôes. você come uma coxinha e toma um café. seus amigos mandam ver coxa creme, esfiha, espetinho, suco de beterraba.
galaxie. sobem a augusta de novo e descem até os jardins. voltam pela bela cintra. morrem de rir. encontram a 'ana beatriz bairro' fazendo ponto. você e a bibi decidem parar na casa do til. pegam a chave. são 5 da manhã .ele vai levar os meninos de volta pro vegas.
vocês se jogam na cama assistem o programa do cassino que o milionário gasta 300 mil dólares em uma noite. sua amiguinha solta um pum. ela é tão pequenina que nem tem cheiro. vocês caem da cama de tanto rir. crianças de 12 anos. bolam uma bucha.
o til chega depois das 6. ninguém tem sono. vocês conversam até as 8. tomam um diazepan cada um. assistem um kubrick antigo preto e branco. o dono da casa vai pro quarto de hóspedes dormir. a bibi dorme. você não.
você assiste um filme israelita maravilhoso e um faroeste. são 9 da manhã. você não tem sono. abre a gavetinha mágica e toma um dorflex. dorme finalmente. acorda com a música do poderoso chefão.
são 6 da tarde na bela cintra. é sábado. tá um dia cinza. você toma café e tem que voltar prá casa. seus filhos te esperam desde ontem. você pega um taxi e sabe que daqui a algumas horas você tem que sair de novo pra ir tocar na máfia. você pensa no ozzy. a festa que ele faz quando você chega em casa. que bonitinho. ele não é gato. ele precisa sair pra dar uma volta.
tá bom ozzy, vocês vão andar o caminho mais longo que puderem assim ele cansa o suficiente prá dormir mais uma noite sem você em casa. vocês caminham até o pão de açucar da angélica prá comprar comida pros gatos. dá uns 60 minutos de caminhada ouvindo o set dedicado a marina de jazz e blues. começa com amy e termina com amy. tem armstrong, etta, john lee hooker, nina, steve wonder, combinou perfeito com a angélica de noite. você gosta de andar com o ozzy. ele é pequenino. tem perninhas curtas. mas anda rápido. como você que tem pernas de avestruz e não gosta de quem anda devagar 'vendo vitrine'. a vida é curta. você tem pressa. o ozzy também. nem que seja pra cheirar o próximo poste.
seu plano deu certo. o ozzy desmaia quando chega em casa. você separa seu case de música eletrônica especial máfia. veste seu top de tafetá que você usou na formatura do 3º colegial e que sua mãe achou por acaso essa semana guardado na caixa de roupas que mães não jogam fora como as de formatura, festa de 15 anos e casamento. marina liga. tava entediada. você passa e pega ela. ela cortou a saia de marinheiro mais curta.
a boate lotada. 3 da manhã. você toca depois do pedrinho . os cabos estão todos trocados. você se desespera. pedrinho pede CALMA. você sabe que ele vai arrumar e deixar tudo como você gosta. os toca- discos vão voltar pra horizontal e você vai tocar aquele set de músicas antigas que parecem novas, antigas que parecem antigas e novas que parecem velhas. você bebe seu uísque, fuma seu cigarrinho e mixa. você gosta. é sábado. as pessoas estão loucas. querem emoção. nem que seja em 125 bpm. você aderiu a slowbeat faz tempo. menos é mais. nada mais instigante que um eletro detroit de verdade com um negão cantando uma com uma voz estranha. o hells começa. você desce com a amiga de saia de marinheiro, o primo ta acabando o set dele na pista de baixo. você vai no jardim, encontra o til feliz da vida. divide a felicidade com ele. morre de rir. ele chama a marina de filha bastarda. ela ri e pede um chivas. conhecem alguém do L7. o dia ilumina o jardim da babilônia de neon. vocês vão embora pra frei caneca 430 west . já são umas 8 da manhã. passam no posto compram um coca cola de 2 litros e um marlboro. conversam e ouvem música até de tarde. sei lá. esse dia vocês se surpreenderam. ouviram bezerra da silva, roberto carlos, demônios da garoa, adoniran e acabaram no grunge. marina deu aulinha de grunge prá você que não se lembra onde estava em certos anos do anos 90. ela chora de ver o alice in chains.
ela tem toda a razão o layne staley não parece desse mundo. ela sempre tem razão. ela entende muito de música. você tem orgulho dela. o cansaço finalmente bate a sua porta. você liga a tv e assiste noivo neurótico noiva nervosa do woody allen. é muito engraçado. uma hora o woody vai tentar dar um teco em uma festa de intelectuais loucos que ele despreza e assopra todo o pó da caixa sem querer. sensacional, como diz o primo. toma um lex. acorda algumas horas depois pega seu monzinha e volta pra casa. seu filhos te esperam. marion ganhou o oscar. paris é uma festa. amanhã é segunda feira.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

rockfellas

quinta -feira é dia de rock no vegas:
djs ana flávia e regina parp + tibira e china ali ao lado do balcão.
hoje não vai ter banda então aprende a cantar a música da botinha e vai!







"You keep saying you've got something for me.
something you call love, but confess.
You've been messin' where you shouldn't have been a messin'
and now someone else is gettin' all your best.

These boots are made for walking, and that's just what they'll do
one of these days these boots are gonna walk all over you.

You keep lying, when you oughta be truthin'
and you keep losin' when you oughta not bet.
You keep samin' when you oughta be changin'.
Now what's right is right, but you ain't been right yet.

These boots are made for walking, and that's just what they'll do
one of these days these boots are gonna walk all over you.

You keep playin' where you shouldn't be playin
and you keep thinkin' that you´ll never get burnt.
Ha! I just found me a brand new box of matches yeah
and what he know you ain't HAD time to learn.

Are you ready boots? Start walkin!"

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

when you're young you're the king of the carrot flowers.


ela aciona a tecla mute da TV para os amigos poderem conversar sobre um milhão de assuntos ao mesmo tempo depois do jantar, enquanto a amiga confecciona a máscara atrasada pras fotos do trabalho de amanhã. um ta sentado na janela gritando coisas pro que está no computador, a que está no sofá ri deles.
e então a imagem do fidel começa a passar ininterruptamente em algum noticiário e ela que está de pé no meio da sala pergunta: "fidel morreu"? "não, renunciou", diz a da máscara, absorta na tarefa de colar a superbonder nas serpentinas de mini borrachinhas coloridas que insistiam em cair no chão.
então ela lembra que um dia já gostou do fidel. que gostava de falar que era comunista. ela tinha lá seus 18 anos e provavelmente fez parte da última geração que achava legal o fidel e que atravessou a adolescência sem e-mail. o pai queria morrer com ela. o pai definitivamente não era de esquerda. o pai definitivamente era de direita. ele tinha sido 'jovem guarda' não 'tropicália'. ele lia o 'jornal da tarde' porque tinha preguiça de ler o 'estadão'. a filha devorava até a sessão do ombudsman da 'folha'. quando ela tinha 16 começou a andar com o vizinho filho mais velho da professora de piano que era professor de teatro, usava barba e fazia história na usp. o pai bateu nela o dia que ela chegou em casa 4 da madrugada do espaço Pirandelo. mas ela já tinha se desapaixonado pelo pai antes disso. na primeira discussão sobre nazismo a mãe saiu chorando da sala. na segunda do massacre dos 111 do carandiru a mãe começou a temer pelo futuro da filha. "o pai vai acabar matando essa menina meu deus". logo essa que nunca repetiu de ano. que nunca deu trabalho...
e esse passado de brigas por ideologias das quais ela não acredita mais passou pela cabeça dela como um lampejo enquanto seus olhos de 30 anos assistiam aquele desfile de imagens do velhote vestido em seu casaco adidas vermelho que transformou o sonho dela de um dia ganhar a briga com o pai em um país triste que arranca as luvas dos seus lutadores de boxe e os impede de lutar. essa briga ela perdeu. todo mundo perdeu. o mundo tá uma merda. ninguém presta e seus heróis morreram realmente de overdose...
então a que tava no sofá chama pra irem tomar umas na rua. a lua tava cheia e linda. a outra ainda estava nas máscaras. para os meninos ainda era terça.
elas acabam em um boteco perto do mesmo Pirandelo que um dia fez uma tomar aquele soco literalmente de direita do pai.
elas seguem seguras a travesti que adentra o bar que não sabiam se estava aberto ou fechado. vão direto pro balcão pedem um uísque filam um cigarro e fazem um brinde: "VIVA LA REVOLUCION!"






terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

grilos, talvez?

sobre ter dormido um sono tranquilo e ter sonhado com o christian pior:
ontem fui dormir as 7 da manhã. terminei um trabalho pra ellus de semanas, ficou bonito e sincero, estou postando todas as trilhas ao lado prá download. acordei 1 da tarde pensando que era 2 porque ainda não ajustei a luz verde do seu rádio relógio. hoje mais uma reunião com advogado sobre o processo que me tirou o sono faz 1 ano e dependendo do resultado vai acabar tirando minha vida também.

sobre os mares do pacífico:
quando você pensa que uma diferença de 5 horas de fuso horário é muito experimente uma de 16 horas.

"ai linda. to super cansado, preciso descansar mesmo. aqui ta legal, nao tinha um kiwi na rua as 1 da manha... a residencia parece limpo, o quarto e tosquinho e pequeno mas ta tudo bem, melhor do que paulista center hotel, e eu nao estava esperando muita coisa tambem..."
"achei a cidade muito tranquila e legal. nao parece muito do que parece de googleearth, pois tem muitas subidas e descidas, que nao parecem no googleearth, ne, a gente so aprende subindo e se cansando assim. o caminho que fiz pra ir da residencia a uni e super legal. passo um viaduto na frente, e ando numa avenida bem arborizada. a primeira coisa que me impressionou nesse caminho foi o barulho desses insetos -como chamam mesmo?- que ficam nas arvores dia inteiro fazendo esse som "prrr prrr". me senti dentro da natureza, mesmo com os carros passando no lado. a cidade parece meio vazia fora da queen street (que e a avenida comercial/turistica etc daqui). muitas vezes me achei sozinho andando numas avenidas largas. e muito estranho pra quem vem de cidades como sp ou ist, ne? umas vezes me senti como andando num bairro de los angeles, sabe, tipo esses lugares que a gente ve nos filmes; calcadas largas; "blocks" longos; quase ninguem na rua e so uns carros passando no lado."
...
"vejo bem poucas kiwis com cara de ingles nas ruas; parece que todo mundo e chines, indiano ou maori (ou de alguma dessas ilhas por aqui tipo samoa, tonga etc). em cada esquina da para ver uns lanchonetes chines, japones ou indiano (ate turco vi um monte). vi uns brasileiros tambem, primeiro quando fui pra department of labour (nao conversei) e segundo quando estava descansando por 5 minutos no parque no lado, passou um grupo de gauchos e um deles tinha camisa de gremio e eu falei "e ai gremista!" e ele falou "ooo amigo" e estendeu a mao, mas quando falei que sou sao paulino ele nao segurou minha mao..."

sobre a conta de luz atrasada:
dona cleide, peguei emprestado sem pedir seus 50 reais. devolvo na sexta.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

You can stand and shout hero all over my lonesome grave *



sábado. ela saiu de casa 15 pra meia noite, não, 15 pra uma, não 15 pras onze. ai, horário de verão .ela passa pra buscar a amiga na bela vista, que ja tá esperando na porta do prédio. elas voltam pela amaral, são joão, duque, o caminho da vida delas. ali prá barra funda. elas chegam na boate, a boate lotada! elas se divertem, falam, riem, gritam, elas estavam causando, animadíssimas. puxa, que legal elas iam tocar todo esse country que não sai das cabeças delas ultimamente. tocou uma banda muito classe, elas começaram discotecar depois. abriram com jessie mae, cramps, sonics, iggy aí foi até sugar cubes, le tigre e toma johnny cash, chuck barry, stray cats, holly golightly, kinks, foda, set de responsa. elas beberam muito. elas até ganharam uma garrafa de uísque. dançaram até quase o sol nascer, levaram os amigos, falaram, desciam e subiam as escadas... e enfim conseguiram ir embora depois de uma já ter feito um amigo exótico e bonito. vão receber o cachê. então, o cachê. era R$100 e virou R$50 pra cada uma, elas acharam de uma deselegância cruel. 50 paus é foda a casa tava lotada. mas são educadas, saem agradecendo e vão pra casa de uma delas. nem tomam aquela garrafa de wiski que ganharam porque tinham em casa uma muito melhor. passam a tarde ouvindo smog, elliot smith, música turca, dead can dance, woody guthrie, dylan, cat power, patrick wolf, nina, billy, amy, yann tiersen, blues, jazz, folk, elas cantam, interpretam. elas não param, elas não conseguem parar de ouvir música. quando é de tarde elas vão pra casa da outra amiga. os gatos precisam ser alimentados. ambas tem família pra criar. tomam um banho quente, um chá, e um lexotan de 6. fumam, conversam aquele derradeiro fio de assunto as últimas palavras a serem ditas. tem uma que já perdeu a voz. diz que esqueceu a voz na curva da augusta na noite anterior. dão risada com um livro de uma louca, morrem e acordam 5 horas depois. a dona da casa faz uma sopa deliciosa. já é domingo á noite. assistem um filme bom de filha obcecada e mãe arrependida com a susie sarandon que elas amam. se despedem. a outra volta pra sua casa. o mesmo caminho, augusta, amaral, são joão, duque, barão. assistem os mesmos programas de televisão dão gargalhadas no telefone juntas com as palhaçadas porque tava difícil não xoxar junto. uma das desgraça ainda toma mais uma dose com gelo, fuma um 'drina' de saravejo que o ahmad deixou e se mata com uma música do john lee hooker. a noite vai acabando e termina com elas amando o snoop dog.o snoop AMA country music. o snoop é O cara. marido. yes sir.




* de hero blues, do dylan.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

a estória de amor mais bonita do mundo.

o que é 1 ano em 60?







depois que eu troquei o o pneu do meu carro sozinha e comecei a escrever neste blog me sinto outra mulher.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

na minha rua.


na calçada em frente e abaixo do meu apartamento moram umas pessoas. o teto delas é de papelão, madeira tosca e saco de lixo preto. a gente divide o mesmo barulho de trem. eu gosto do barulho do trem. elas devem odiar porque só tem um muro dividindo os trilhos delas próprias. um dia o cachorro delas fugiu e descobriu aquele buraco no muro por onde uma vez passou o neto do dono do chaveiro do bairro pra brincar e acabou atropelado e morto porque o tenis dele ficou preso em baixo do ferro do trilho e o maquinista não conseguiu parar. eu ouvi só a buzina e um grito. mas voltando ao osmar, o cachorro. bom, com o osmar aconteceu a mesma coisa mas só acharam seu corpo depois. tinha um carro de bombeiro parado de noite na rua iluminando tudo e procurando alguma coisa nos trilhos. não era o osmar, lógico. mas foi ele que acharam, claro. quer dizer, o cadáver dele. eu sei que era o cadáver pelos gritos de desespero do dono. eu nunca vou esquecer essa voz. essa dor do mendigo, do dono do osmar chamando ele - osmaaaaar- como se ele fosse ressucitar. já faz um tempo isso. uns anos talvez. os vizinhos da frente continuaram morando na calçada. tirando o dia da tragédia do osmar e umas brigas de família quando algum parente vem visitar e não cabe todo mundo no barraco tudo loco da pinga eles jamais causaram tumulto aqui na barra funda. mas como morador de condomínio cafona pré fabricado com parede de gesso e nome de bairro em miami não gosta de ver gente pobre morando na rua que ele passa com seu carro importado que ele ta pagando em 90 parcelas, algum filho da puta do prédio chamou a polícia e eles vieram com o carro da prefeitura limpar a calçada e varrer a sujeira que tava estragando a paisagem belíssima do miami gardens. foi só sirene de gambé e de novo aquele grito, aquela voz. cada pedaço de papelão, de madeira tosca que ia voando pra dentro do caminhão a voz ia ficando mais alta. e quando acabou todas eu vi o dono do osmar ali sentadinho com a mão na cabeça chorando e pedindo pra não levarem ele. ele gritava- leva tudo mas deixa eu!! não deixaram. ele foi chorando. o mesmo choro do dia do osmar. na calçada em frente e abaixo do meu apartamento não moram mais umas pessoas. eu continuo aqui no mesmo 13º andar...ouvindo o barulho do trem e olhando aquela calçada que um dia morou o osmar. que tem o muro com o buraco que dá nos trilhos. o mesmo buraco que já levou pra morte ele e o neto do dono do chaveiro do bairro.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008


eu sei que você espera o próximo post.
ontem você me disse: ana flávia esse saramago realmente me fez subir um nível.
você foi embora e me deixou dois gatos e um case.
os melhores nomes de música desse case são:
there's no life without love do kinks
home is where the heart is do ian brown e
the ballad of nice and easy do gomez.
eu sei que você espera o próximo post.
prometo que o próximo vai ser mais criativo.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

a saga de ' assim caminha a humanidade'


10 razões que fazem de 'giant' um épico de responsa:

1. porque quando foi filmado, em 55, rock hudson tinha 28 anos, james dean e liz taylor 24, e eles interpretaram personagens que viveram até os 60. ah, qual a novidade disso? até então hollywood só havia feito o contrário: atores velhos faziam papéis de pessoas novas, quando o roteiro pedia.
2. porque em 55, no auge do preconceito contra mexicanos nos eua, um filme tem essa fala:
"os americanos roubaram o texas dos mexicanos", dita pela leslie (liz taylor). e jett ring (jimmy dean) pobre, antes de descobrir um poço e se tornar o maior magnata de petróleo dos eua solta essa: "quem tem muita terra, roubou de alguem".
3. porque o rock hudson, que era gay, fez um dos maiores cowboys da história do cinema, o bick benedict. e está na melhor cena de briga de bar do mundo. e apareceu nas pré-estréias de nova york e hollywood com a "esposa".
4. porque o james dean, que filmava seu terceiro e último longa também fez um dos mais instigantes cowboys do cinema. o jeito que ele fala, que ele olha, que ele anda e ele bêbado no final abrilhantam até uma televisão de 12 polegadas.
5. porque ele, que amava velocidade, foi proibido pelo george stevens de pilotar na época das filmagens. a produção era caríssima e ninguém podia se machucar prá não atrapalhar o andamento das coisas. então jimmy, que finalizou suas cenas uma semana antes que os outros, foi liberado. enfim pegou seu porsche spyder azul metálico que fazia ele sonhar em atravessar os eua de carro. mas em uma estrada da california ele bateu em um ford que vinha na contra mão e morreu na hora. quando a produção ficou sabendo, todos estavam em uma sala de projeção assistindo as últimas cenas filmadas. o nome do carro era " little bastard". e a lenda estava só começando.
6. james dean, ultra tímido não falava com quase ninguém durante a temporada em marfa, uma vila no texas que serviu de locação. mas tinha a carol baker que era mais velha que a liz e fazia o papel da filha dela. os dois tinham se conhecido no actor's studio em ny, se achavam sérios e modernos, o que era verdade. mas isso não impediu que liz que representava o glamour do cinema e usava jóias e vestidos caros pra tomar café da manhã ficasse fascinada por ele. eles então se tornaram melhores amigos, dizem que até rolou uma paixão. james dean era bissexual.
7. o filme tem dennis hopper com 19 anos de idade. e sal mineo (que tem uma fala no filme). os dois tinham acabado de filmar 'rebel without a cause' (juventude transviada) com dean. dennis hopper é muito classe! e sal mineo morreu assassinado. mas isso já é outra estória.
8. a fazenda dos benedict no texas, a 'little reatta', era fachada. a estrutura existe até hoje. virou um lugar sagrado.
9. porque a escritora do livro em que o filme foi baseado, edna ferber era maravilhosa e uma mulher muito além do seu tempo.
10. porque certos detalhes encantam, como na cena em que hopper, que faz o benedict filho, conhece sua amada mexicana: eles se comprimentam com as mãos...e tomam um choque! porque não é só fio descascado que passa descarga elétrica. o amor também.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

a idade da razão.



há dias em que o correio funciona menos que as pernas gordinhas da ester mensageira do fim do século XVI.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008



1.
em resposta a essa:

he's sleeping when she's not.

she's there when he's not.
he's there when she's sleeping
she's sleeping when he's there.
he's here when she's there
she's here when he's sleeping

2.
eu fiz essa:

a comida dos gatos

um come. o outro dorme.
um dorme. o outro vai.
um sai. um fica.
um fica. o outro vem.
um come. um fica.
o outro vai. o outro vem.
um dorme. um come.
o outro come. o outro vem.
um fica. um vai.
o outro fica. o outro vai.
um come. um dorme.
o outro dorme. e eu também.

3.
e recordei essa:

she´s dancing from basquiat

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

um príncipe que nunca viu o mar.


era uma vez um príncipe que vivia em um país distante nas fronteiras do oriente com o ocidente. seu reino é tão antigo que dizem que foi por lá que o mundo começou. de menino, ele não gostava de jogar bola, ele gostava de ler. de desenhar. com 4 anos de idade já sabia escrever. o primeiro alfabeto escreveu com 2. na adolescência ele manifestava sua revolta típica da juventude ouvindo metal. sim, ele virou metaleiro. mas o cabelo não era comprido. porque ele era careca. característica que só acentuava seu ar sério somado com os óculos de grau e a timidez. uns anos mais tarde, transformado o gosto pela música em obsessão, ele se tornou o maior colecionador de música de todos os tempos. de todos os tipos, desde que boas e que contassem uma boa estória. como essa que vos conto, que alías, daria uma boa letra de música... e o príncipe, a cada dia que passava aumentava seu conhecimento detalhado de informações preciosas sobre esse mundo de letras, pessoas que se juntam e formam bandas, gênios incompreendidos e musas de vozes suaves e lugares distantes, como o dele. quando ele foi mandado prá estudar em outra província, uma nação que de tão perfeita e correta lhe dava calafrios, ele se sentiu muito sozinho, tão sozinho que percebeu o quão foi sozinho sua vida inteira. ele nunca fez parte de uma gang, não ia a bailes com amigos...amigo mesmo de verdade tinha sido o avô, morto quando ele era muito pequeno. o avô, de uma linhagem secular de mestres sábios e professores já sentia que o menino tinha o dom de saber. e nesse país neutro da solidão e dos chocolates ele decidiu que aprenderia todas as línguas, de todos os povos do mundo e nunca mais se sentiria sozinho. mas se o príncipe pudesse escolher um lugar no mundo pra viver ele escolheria essa terra que ele sonha todas as noites. não tão rígida quanto a sua, encravada no meio do velho continente, nem tão fria quanto aquela que ele já havia estado, não, seus sonhos eram habitados por um lugar com lindas praias, palmeiras encurvadas sobre a areia e pessoas que soubessem sorrir para as outras. como a notícia de sua sabedoria e seu caráter ja haviam atravessado oceanos por redes de pescadores, logo meninas estrangeiras, dessas sem passado e que parecem não pertencer a lugar nenhum já se ofereciam como esposas para o jovem nobre. dos trópicos já não tardou para que logo uma lhe fisgasse sua mente. curioso para conhecer esse país
selvagem e hipnotizado por essa paixão irreal ele partiu, deixando a realeza atônita. no seu novo mundo ele se sentia capaz de tudo, de cruzar fronteiras, de mergulhar nessa nova cultura, de descobrir coisas. mas isso não aconteceu. ingênuo e de índole inabalável ele foi enganado e trancado em um castelo pela mulher que lhe havia encantado. quando sua fortuna e sua alma foram definitivamente usurpadas ele se viu na rua. no meio da cidade que agora parecia tão louca e nada amigável. e mais uma vez ele se viu sozinho. mas essa solidão era diferente das outras. essa lhe doía as articulações. e o príncipe então caiu na vida boêmia dos becos e bordéis, das substâncias ilícitas que lhe diminuiam a dor existencial. mergulhado em um poço de tristeza ele escrevia seus piores pesadelos, desenhava seus tormentos mais íntimos. se não fosse a fada translúcida e espevitada que voava em seu inconsciente dando lhe bons conselhos e alimentando sua alma desgraçada com gotas de otimismo e feijão nosso príncipe já teria abreviado a própria vida. mas o tempo, senhor de todas as coisas e protetor da dignidade quando ela é a única coisa que nos resta foi atento e juntou em uma mesma hora dois seres em um mesmo espaço. um deles foi nosso honrado e sofrido herdeiro desse império que conta suas histórias em livros encomendados por sultões cruéis. o outro ser nada mais era que uma jovem plebéia genuína usando um vestido de segunda mão que lembrava sua avó. ela contava estórias enquanto todos a sua volta riam e se deixavam levar por sua gargalhada contagiante. ele a viu por de tráz de um balcão. ela olhou prá ele e sorriu. um sorriso que fez ele viajar pelas luzes desse palácio de bebidas e jogos sem lei. que fez ele esquecer seus dias amargos e perceber que esta seria a melhor noite de sua vida. ela que trazia no sangue o fervor herdado dos povos do mediterrâneo e a simplicidade de uma aldeia dominada pelos homens ficou fascinada pelo ar literário do jovem aventureiro. ele contou histórias de sua terra mágica. ela contou quantas bananas ele tinha em sua cozinha. eles ouviram música dos balcans. ela o levou para conhecer o mar. ele a ensinou boas maneiras, ele falava baixo. ela escutava. ela deixou que ele a colonizasse. ele não quis morrer mais. tudo o que ela queira era viver. e assim coloriu a vida branca e preta dele que cego passou a enxergar. e nesse novo mundo que antes ele se sentira perdido ele finalmente se achou. ele se sentia livre, ele tinha amigos. e agora por mais difícil que fosse sua estadia no universo o príncipe descobriu que depois de toda tempestade sempre vem o arco-íris. e não há nesse mundo dor que ternura e um rancho com animais não possam curar.

ele a chama de minha siciliana. ela o chama...de príncipe.

a melhor discussão beatnik do mundo!

alguém dá mais um drink pro ginsberg, please...



segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

domingo, 3 de fevereiro de 2008

a chuva que pesa as plumas.




no brasil não importa que tipo de pessoa você seja. mas não há sequer um brasileiro na face terra que não tenha tido uma conexão com o carnaval pelo menos uma vez na vida. seja uma fantasia de criança, uma bexigada d'água na cabeça ou uma tragédia na família. e confesso que este ano maldisse a chuva que insistia em não parar no desfile da escola de samba estação primeira de mangueira. a comissão de frente era formada só por crianças e adolescentes de uma escola de frevo de um dos bairros mais pobres de recife. e eles eram muito profissionais. eram lindas essas crianças dançando. também tinha esta escola viradouro, que moderniza o carnaval, pelo que eu entendi, rompendo parâmetros de desfile de décadas atrás. um dos seus carros alegóricos foi censurado por fazer uma alegoria de uma pilha de corpos humanos, que simbolizaria o holocausto. associações judaicas não permitiram e eles trocaram hitler por tiradentes, que foi representado por um ator. e aí eu indago, quem, em sua sã consciência, iria fazer o papel de hitler em tal carro? iria ter um hitler fantasiado, sambando e acenando para as arquibancadas? assim, pulando o carnaval mesmo? isso sim seria o maior espetáculo cabuloso da terra.

lock me up ou maiô vintage em um quarto do hotel panamericano em um fim de semana de chuva.



take me back to my old one.

para e.

"yes"


"talvez a terra seja uma bola de poeira. alguns limpadores dizem: chega. e é assim que sobrevivemos. por que não? nós somos os parasitas que deus esqueceu. a verdade é que nunca desaparecemos. apesar de tudo o que tememos. certamente não acabamos com a morte. por mais que as funerárias tentem cada criatura alimenta outra. todos são mães de todos. ou no mínimo, um hospedeiro. quando expiramos, talvez mudamos um pouco, mas não desaparecemos. nós não deixamos uma marca, uma impressão digital. alguma bagunça. talvez alguma dor, medo ou dúvida no coração de alguém. quando você olha de perto nada vai embora. só muda. como a noite vira dia. e o dia vira noite. mas nem isso é verdade. é uma questão de ponto de vista. dependendo de onde se está na terra. e no fim não vale a pena desperdiçar sua vida. você não pode. porque tudo o que você diz ou faz ou diz está lá, para sempre. deixa provas. na verdade é senso comum. não existe o 'nada'. absolutamente. pode ser muito, muito pequeno mas ainda está lá. na verdade acho que o 'não' não existe. há apenas o 'sim'. "


anotação de filme § 1.

yesthemovie.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

pseudologia fantástica



difícil começar, mas como todo começo tem seu fim...começo pelo fim:

se eu viver até os 98 anos, chego ao ano de 2075. terei passado por muitas guerras. nenhuma mundial porque nasci uns 30 depois da segunda. e pensar que hoje ainda tem gente viva que passou pelas duas.
em 2075 não vai mais ter elefante na terra e 900 espécies de animais terão se extinguido... insetos continuarão firmes e fortes, exceto as abelhas, que estão se suicidando. aliás, pode não haver mais mundo em 2075. mas se caso houver espero estar morando em um sítio pequeno com todas minhas coisas junto a mim, alguns bichos em volta e meus amigos, não os que tiverem morrido, só os que tiverem enlouquecido. que meu coração tenha desbravado vários mapas e que o dono do tesouro esteja ao meu lado pra me ver pó ou me aguardar em baixo da terra, dentro de um rio ou de uma gavetinha querida.

e velhinha, já no fim, vou estar lembrando de que nessa luta eterna de todos contra todos... um ato vale mais do mil planfetos e eu que já estava esperando as coisas começarem, acabei.

fim.