quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

um príncipe que nunca viu o mar.


era uma vez um príncipe que vivia em um país distante nas fronteiras do oriente com o ocidente. seu reino é tão antigo que dizem que foi por lá que o mundo começou. de menino, ele não gostava de jogar bola, ele gostava de ler. de desenhar. com 4 anos de idade já sabia escrever. o primeiro alfabeto escreveu com 2. na adolescência ele manifestava sua revolta típica da juventude ouvindo metal. sim, ele virou metaleiro. mas o cabelo não era comprido. porque ele era careca. característica que só acentuava seu ar sério somado com os óculos de grau e a timidez. uns anos mais tarde, transformado o gosto pela música em obsessão, ele se tornou o maior colecionador de música de todos os tempos. de todos os tipos, desde que boas e que contassem uma boa estória. como essa que vos conto, que alías, daria uma boa letra de música... e o príncipe, a cada dia que passava aumentava seu conhecimento detalhado de informações preciosas sobre esse mundo de letras, pessoas que se juntam e formam bandas, gênios incompreendidos e musas de vozes suaves e lugares distantes, como o dele. quando ele foi mandado prá estudar em outra província, uma nação que de tão perfeita e correta lhe dava calafrios, ele se sentiu muito sozinho, tão sozinho que percebeu o quão foi sozinho sua vida inteira. ele nunca fez parte de uma gang, não ia a bailes com amigos...amigo mesmo de verdade tinha sido o avô, morto quando ele era muito pequeno. o avô, de uma linhagem secular de mestres sábios e professores já sentia que o menino tinha o dom de saber. e nesse país neutro da solidão e dos chocolates ele decidiu que aprenderia todas as línguas, de todos os povos do mundo e nunca mais se sentiria sozinho. mas se o príncipe pudesse escolher um lugar no mundo pra viver ele escolheria essa terra que ele sonha todas as noites. não tão rígida quanto a sua, encravada no meio do velho continente, nem tão fria quanto aquela que ele já havia estado, não, seus sonhos eram habitados por um lugar com lindas praias, palmeiras encurvadas sobre a areia e pessoas que soubessem sorrir para as outras. como a notícia de sua sabedoria e seu caráter ja haviam atravessado oceanos por redes de pescadores, logo meninas estrangeiras, dessas sem passado e que parecem não pertencer a lugar nenhum já se ofereciam como esposas para o jovem nobre. dos trópicos já não tardou para que logo uma lhe fisgasse sua mente. curioso para conhecer esse país
selvagem e hipnotizado por essa paixão irreal ele partiu, deixando a realeza atônita. no seu novo mundo ele se sentia capaz de tudo, de cruzar fronteiras, de mergulhar nessa nova cultura, de descobrir coisas. mas isso não aconteceu. ingênuo e de índole inabalável ele foi enganado e trancado em um castelo pela mulher que lhe havia encantado. quando sua fortuna e sua alma foram definitivamente usurpadas ele se viu na rua. no meio da cidade que agora parecia tão louca e nada amigável. e mais uma vez ele se viu sozinho. mas essa solidão era diferente das outras. essa lhe doía as articulações. e o príncipe então caiu na vida boêmia dos becos e bordéis, das substâncias ilícitas que lhe diminuiam a dor existencial. mergulhado em um poço de tristeza ele escrevia seus piores pesadelos, desenhava seus tormentos mais íntimos. se não fosse a fada translúcida e espevitada que voava em seu inconsciente dando lhe bons conselhos e alimentando sua alma desgraçada com gotas de otimismo e feijão nosso príncipe já teria abreviado a própria vida. mas o tempo, senhor de todas as coisas e protetor da dignidade quando ela é a única coisa que nos resta foi atento e juntou em uma mesma hora dois seres em um mesmo espaço. um deles foi nosso honrado e sofrido herdeiro desse império que conta suas histórias em livros encomendados por sultões cruéis. o outro ser nada mais era que uma jovem plebéia genuína usando um vestido de segunda mão que lembrava sua avó. ela contava estórias enquanto todos a sua volta riam e se deixavam levar por sua gargalhada contagiante. ele a viu por de tráz de um balcão. ela olhou prá ele e sorriu. um sorriso que fez ele viajar pelas luzes desse palácio de bebidas e jogos sem lei. que fez ele esquecer seus dias amargos e perceber que esta seria a melhor noite de sua vida. ela que trazia no sangue o fervor herdado dos povos do mediterrâneo e a simplicidade de uma aldeia dominada pelos homens ficou fascinada pelo ar literário do jovem aventureiro. ele contou histórias de sua terra mágica. ela contou quantas bananas ele tinha em sua cozinha. eles ouviram música dos balcans. ela o levou para conhecer o mar. ele a ensinou boas maneiras, ele falava baixo. ela escutava. ela deixou que ele a colonizasse. ele não quis morrer mais. tudo o que ela queira era viver. e assim coloriu a vida branca e preta dele que cego passou a enxergar. e nesse novo mundo que antes ele se sentira perdido ele finalmente se achou. ele se sentia livre, ele tinha amigos. e agora por mais difícil que fosse sua estadia no universo o príncipe descobriu que depois de toda tempestade sempre vem o arco-íris. e não há nesse mundo dor que ternura e um rancho com animais não possam curar.

ele a chama de minha siciliana. ela o chama...de príncipe.

2 comentários:

Anônimo disse...

como a notícia de sua sabedoria e seu caráter ja haviam atravessado oceanos por redes de pescadores, logo meninas estrangeiras, dessas sem passado e que parecem não pertencer a lugar nenhum já se ofereciam como esposas para o jovem nobre. dos trópicos já não tardou para que logo uma lhe fisgasse sua mente. curioso para conhecer esse país
selvagem e hipnotizado por essa paixão irreal ele partiu, deixando a realeza atônita. no seu novo mundo ele se sentia capaz de tudo, de cruzar fronteiras, de mergulhar nessa nova cultura, de descobrir coisas. mas isso não aconteceu. ingênuo e de índole inabalável ele foi enganado e trancado em um castelo pela mulher que lhe havia encantado. quando sua fortuna e sua alma foram definitivamente usurpadas ele se viu na rua. no meio da cidade que agora parecia tão louca e nada amigável. e mais uma vez ele se viu sozinho. mas essa solidão era diferente das outras. essa lhe doía as articulações. e o príncipe então caiu na vida boêmia dos becos e bordéis, das substâncias ilícitas que lhe diminuiam a dor existencial. mergulhado em um poço de tristeza ele escrevia seus piores pesadelos, desenhava seus tormentos mais íntimos. se não fosse a fada translúcida e espevitada que voava em seu inconsciente dando lhe bons conselhos e alimentando sua alma desgraçada com gotas de otimismo e feijão nosso príncipe já teria abreviado a própria vida. mas o tempo, senhor de todas as coisas e protetor da dignidade quando ela é a única coisa que nos resta foi atento e juntou em uma mesma hora dois seres em um mesmo espaço. um deles foi nosso honrado e sofrido herdeiro desse império que conta suas histórias em livros encomendados por sultões cruéis. o outro ser nada mais era que uma jovem plebéia genuína usando um vestido de segunda mão que lembrava sua avó. ela contava estórias enquanto todos a sua volta riam e se deixavam levar por sua gargalhada contagiante. ele a viu por de tráz de um balcão. ela olhou prá ele e sorriu. um sorriso que fez ele viajar pelas luzes desse palácio de bebidas e jogos sem lei. que fez ele esquecer seus dias amargos e perceber que esta seria a melhor noite de sua vida. ela que trazia no sangue o fervor herdado dos povos do mediterrâneo e a simplicidade de uma aldeia dominada pelos homens ficou fascinada pelo ar literário do jovem aventureiro. ele contou histórias de sua terra mágica. ela contou quantas bananas ele tinha em sua cozinha.

lowproflavia disse...

@anonimo.
obrigado por abreviar e mostrar a melhor parte.