terça-feira, 29 de abril de 2008

city girls are just country girls well dressed.

sair pra beber com suas amigas que você ama. ajudar a amiga com problemas existenciais ver as coisas de outra maneira. digamos, enxergar a vida por um outro lado. assim, tomar 50 cervejas e fazer ela entender que homens nunca vão valer mais do que uma roosevelt em uma terça feira de abril e um rolê muito lôcas de monzinha pela cidade como se fossem 3 adolescentes bêbadas em fúria atravessando a madrugada com o carro roubado do pai aos 15 anos. (faltou a trilha sonora, mas eu prometo que vou providenciar outro toca fitas em breve, meninas, espero que dure mais do que o último que roubaram na duque em uma noite delirante). chegar em casa com a cabeça explodindo e lembrar que não tem drágeas pra tomar. revirar todas as caixas, buracos e gavetas atrás de 1 neosaldina, 1 aspirina que fosse, qualquer merda que fizesse ela parar. foda-se, toma 2 cápsulas de remédio de enjôo faixa preta e umas 100 gotas de dipirona sódica. fala no telefone com ele que no momento em um fuso virado de cabeça prá baixo aprende a fazer comida coreana em um país distante, muito distante. dorme. a cabecinha pareceu dar trégua em algum momento do seu sono. acorda. pega seu carrinho, que na verdade não é um monzinha, mas um corsinha. o apelido é porque ele parece um pequeno chevrolet. pesadinho. e forte. rasga o elevado. (hoje vou chamar o minhocão de elevado). estaciona. ministro. ladeira. chuva. ressaca. rodízio. e zona azul liberada. faz seus afazeres de mulherzinha. passeio de guarda-chuva na paulista. não tem lugar mais legal em noite de chuva do que a paulista. subir a augusta ouvindo esse francês romântico e novo que deve cantar de terno e gravata borboleta em microfone de rádio antiga e deve ser lindo que você passou pro seu neo walkman. comprar uns livrinhos. um de 15 e um de 50 reais. pagou 60. você pede desconto agora. já deu 8 da noite. você já pode ir. liga o carro. ele morre. de novo, de novo. again. caralho. é a bateria. deve ser. tá acendendo a luz da bateria. (esperta, sempre acende a luz da bateria quando você dá a ignição). manda esse francês parar de cantar no seu ouvido que você não consegue ouvir o barulho do motor, tá caindo uma tempestade lá fora. não liga. é a bateria claro. esse dias mesmo você deixou a luz de dentro ligada por uma noite inteira. saco, você tem que ir na sua outra amiga. dar um dinheiro que você deve e pegar o chocolate de marca que vocês compraram. ia ser um grande fim de tarde. vai ter que desmarcar. vai ter que chamar guincho, esperar horas, você não tem seguro, águas rolam do céu em cima do seu carrinho sozinho e inclinado em um dos quarteirões mais íngrimes da cidade enfim essas coisas todas que acontece quando alguma coisa acontece com seu carro. 'pai, acabou a bateria do carro'. 'você que que eu vá de resgatar?' 'não pai, obrigado, 1 guincho vai bem'. seu pai é mecânico, não se esqueça. ele não é um simples mecânico. ele é o melhor do mundo. mas já é tarde. seu velho tá cansado e ele vai se irritar porque provavelmente você deve ter feito alguma merda e quando ele virar a chave prá dar partida o motor vai ligar. o seu pai é o anjo mal humorado das quatro rodas. o seu pai recusa clientes porque ele não tem espaço na oficina prá mais carros. deixa seu pai em paz. 'pai, manda um guincho aí!' 'eu me viro.' 'i can handle it'. haha. o guincho me chama no celular, é o sobrinho do dono da loja dos guinchos da pompéia que faz a ronda da noite. ele deve ser um garoto de 30 anos, voz de gente fina, deve ser alto e usar um boné. quase isso. o bruno é um gordinho alto, simpático e de óculos, loiro que em 5 minutos descobre que seu carro só tá sem gasolina. tinha tão pouquinha, mas tão pouquinha, só um restinho mesmo que com o carro inclinado não conseguiu ser o suficiente prá : dar a partida! ridículo. você nem vai precisar do guincho. você precisa de um posto. sendo que até o bruno chegar, você resolveu ir na casa da sua amiga a pé em vez de esperar e ler o livro de hells angel que você comprou dentro do seu carro inguiçado em uma noite de chuva torrencial. vai. rápido. você tem 20 minutos. umas 5 músicas do bob dylan. afinal, não tem nada mais legal e lindo do que uma noite de chuva na paulista com seu guarda-chuva preto e surrado. você detona sua escova especial chapinha da marrom e acaba de destruir sua sapatilha adorada de 15 euros que você ama e que te acompanhou em momentos essenciais do seu último ano. você vôou baixo uns 4 kilômetros e no fim dá tudo certo. você paga o bruno. paga a amiga. pega o que é seu. vaí pro seu rancho. alimenta seus animais. liga seu aparelho de televisão, se joga e assiste os minutos finais de um episódio de sexy and the city (você nem gosta tanto assim mas se tá passando você não muda de canal certo?) e ouve essa frase da personagem principal falando prá amiga engraçada na beira de uma estrada comendo uma torta, rindo e tentando pegar uma carona:

'meninas da cidade são apenas meninas do campo bem vestidas'.

boa noite. e você esqueceu de comprar seu remédio de dor de cabeça.
dedicado á bibi, simone e marina.

...

2 comentários:

cap disse...

que texto! amei o tempo relativo de 5 músicas do bd, que também faço isso bastante.

garota de aldeia também conta como garota country? :)

e quem será este francês de papillon?

Anônimo disse...

e no barulho do op.preto...hrurummmmmuuummmmm...
segue a noite...eita noite!
bjs, Si.