quarta-feira, 16 de abril de 2008

b.i.o. s.


a coisa que eu mais amo na vida é ler a vida de gente loca, talentosa e de preferência que tenha morrido cedo.
dylan não morreu mas o chronicles vol.1 dele escrito por ele mesmo é bom demais sô. lança logo o segundo bob! a tradução perversa as vezes irritava, porque toda vez que ele explicava que tava cansado daquela merda toda de terem feito dele uma legend nos anos 60 e que ele detestava, a tradutora punha legenda . aí tinha frases assim: "eu estava irado porque os jornais e revistas destilavam sua raiva apoteótica em mim me chamando de legenda". oi? que saco. se as histórias do bob de quando ele chegou em nova iorque (ele conta do dia exato que ele pisou em nova iorque vindo de carona de minneapolis congelando de frio) não fossem de matar qualquer um de tão interessantes daria prá desisitir fácil do livro traduzido tão sem noção. para de reclamar, porque não foi ler em inglês então?... pegar seu violão e sua harmônica e sair passando o chapéu no greenwich village por U$60 é digno dos grandes. e tem gente que assiste show no nokia trends e decide que quer ter uma banda sem nunca ter chegado perto de um violão ou tocar um no piano. preguiça desses tempos modernos...de gente expelindo os vazios de suas mentes quando tanta coisa tem pra ser dita. estudar música ninguém quer né. fama sim.
de qualquer maneira nova iorque era o lugar pra se estar na década de 60 prá um menino de 20 anos e visão fora do normal como o menino bob. foi aí que ele começou sua luta de absorver tudo o que podia do folk e de toda a tradição norte americana, da arte, dos livros e da história, enfiar dentro da cabeça e transformar em letra de música. ele conta umas histórias fofas de mulher, de viagens de moto, de gravação de disco em new orleans, de como se reinventou mil vezes prá ser ouvido por outras platéias já que a sua ele mesmo tinha esquecido prá tráz, de filhos (com menos de 30, ele já tinha 5) e de como seguir adiante sem se perder com o sucesso e com fãs obcecados.

acabei o bob, e me jogo na bio da maysa , meu mundo caiu. a bossa e a fossa de maysa. (presente de natal da normanda que de biografia sabe mais que eu). nome bom hã? uma das músicas mais famosas dela e escrita por ela. maysa é antes dessa coisa de que música brasileira é MPB. maysa é antes de tudo, r-o-m-â-n-t-i-c-a. e existencialista. e lindíssima. seus olhos verdes e sua boca perfeita causavam frisson aliado com esse jeito de menina glamourosa e safada. como eu não conhecia nada, além de que ela tinha morrido em um acidente de carro, a história é muuuuito mais legal. só desgraça. nasceu riquíssima, milionnaire, pais modernos, estudou em colégio interno, casou com conde com 18 anos de idade, começou a cantar nas festas chics dos matarazzo (estamos na década de 50 viu) , gravou disco grávida e pós adolescente, estourou, ficou famosíssima, morou em cobertura na rego freitas via elegante até então, separou do marido e foi viver a loucura e a boemia de ser artista. bebia pra caralho, brigava com todo mundo, catava o marido dos outros (roubou o da nara leão) ,xingou a elis em público (a briga era pelo mesmo bofe), engordava e emagrecia que nem uma sanfona, fez lipo quando lipo nem existia, viajou o mundo, se acabou nas boates, gravou bossa nova e cansou da chatice de barquinhos vão e vêm, tinha programa de televisão, foi fotografada mais que a paris hilton hoje, sofreu por amor que nem uma maluca desvairada, foi esquecida, se encheu de remédio de regime e socou sua brasilia a 90 km por hora em um muro depois de atravessar duas pistas na contra mão em direção a ponte rio-niterói. no toca fita tocava frank sinatra. era 1977 e ela tinha 40 e poucos.
esse eduardo logullo, o biógrafo da maysa me surpreendeu pacas. ele escreve de um jeito especial e charmoso, conversa com o leitor (20 pontos pra ele), dá umas risadas no meio do texto, ele é ótimo e vem com os 50', 60' e 70' que faz chorar.
faz eu sentir saudade de uma coisa que eu não sei o que é.

trecho favorito até ontem:
"...muitos dos participantes do festival se encontraram para comemorar no bar 706...ipanema. maysa, eletrizada com o carinho....mandou ver no uísque...estava radiante...de repente, a cena se congela: maysa sente um ímpeto incontrolável de desancar elis regina, que estava ao lado do seu ex-amor ronaldo bôscoli...prá quê? maysa chama elis de ' gaúcha de merda' e tenta jogar uma garrafa de chivas na cabeça da rival...nos jornais: ' maysa racha a cabeça de elis e todos vão em cana".

...

8 comentários:

Anônimo disse...

ana, vc tem de ler a biografia do robert mapplethorpe, fotógrafo gay tarado por negões necudos. o livro é excelente!
vc fica lendo e eu me jogando nas noitadas, né?

Anônimo disse...

leia também "Quando Nietzche Chorou", é a história do fictício encontro entre os personagens reais do filósofo Friedrich Nietzsche e o médico Josef Breuer, e o médico Sigmund Freud faz uma bela ponta. Literatura de primeira e best seller mundial!

bitter sweet disse...

não importa o lugar
o que importa é a companhia.
chivas.

(em caso de colocação máxima a garrafa pode ser usada como arma)

adorei maysa.
é das nossas.

cap disse...

"legenda" é foda... será que fui eu que traduzi o livro? talvez o tradutor fumava muito maconho.

SUPERBEAT disse...

maysa rules.....meu pai amava e eu cresci escutando meu mundo caiu........amei nosso sabado......radio pinel.....precisamos repetir pliiiizzzzzzz......luv u......=)

HEMATOMA disse...

não ganhei nem um conga....meuy raipi veio em tutu mesmo...

HEMATOMA disse...

gente loca como a gente...
bob esponja e a xará da minha mãe..

:P

luiz henrique disse...

vc tem que ler agora "Os diários de Sylvia Plath",á vida da moça foi mais que um babado!!!