quarta-feira, 1 de julho de 2009

O Michael Jackson, a Kate Jackson, a Selma, a Farrah e Pina.

Bem atrasada na homenagem ao Michael mas eu não podia deixar de lembrar da Selma, nossa babá nos anos 80 que era o Michael Jackson reencarnado. A Selma era nova, se eu tinha uns 8, 9 ou 10 anos, ela devia ter uns 20 e cuidava de 3 demônios na minha casa mais os vizinhos e os primosque habitavam a casa da Pompéia. A Selma usava brilho no cabelo, puxava os caxinhos pra frente igual ao Michael, saía de domingo que era dia de folga pra ir no baile vestida de calça preta coladérrima na bunda (e que bunda tinha a selma), meia branca e jaquetinha de príncipe e tinha um poster do Thriller colado no quartinho de empregada que inclusive até pouco tempo atrás ainda tava lá. A Selma arranjava uns namorados mas não falava que trabalhava em casa de família. Falava que era recepcionista de um banco, sei lá. Então quando minha mãe saía de tarde, a Selma ligava pros boys e a gente simulava um escritório do lado dela fazendo barulho de maquina de escrever, carimbo, gente falando no telefone pra eles acreditarem nela. Se a mentira colasse, a Selma ensinava pra gente os passos de dança e deixava a gente dublar com os discos dela. Na vitrola? Só Michael. A gente dublava e dançava sob a batuta da Selma Jackson. O Off the Wall e o Thriller, sempre. A Selma foi mandada embora. Não sei porque. Nessa época criança não tinha muito direito de saber das coisas. Diziam que ela deu uma atendida nos filhos dos patrões alheios, nos primos e etc. Eu senti a maior falta dela quando ela foi embora. Não tinha mais simulação de escritório, não tinha mais eu babando vendo a Selma se arrumar pra sair toda vez com a mesma roupa de domingo, não tinha mais o disco de vinil do Michael na vitrola. Só ficou o poster na parede do quartinho.
Mas mesmo além da Selma que me ensinou a gostar do Michael, eu sempre gostei dele porque ele é do caralho mesmo. Essa coisa que ele fez de trazer os passos de break das ruas pra uma nível elevadíssimo na música, o lance da voz dele, a junção de funk, rock e blues foi mesmo sensacional e ninguém tinha feito antes dele em tamanha magnitude. Dizem que foi ele mesmo que conseguiu elevar a música negra pra um patamar nunca antes alcançado. Antes dele, música negra era separada de música de branco. Por mais que a gente não percebesse, era assim. Ele chegou e causou. E quem tava lá nos idos de 80 jamais vai esquecer aquele que tenho pra mim foi o maior dançarino dos últimos tempos.









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E pra completar a cassetada de nostalgia da nossa infância morre no mesmo dia do Michael, a Farra Fawcett, recordista mundial de posteres de pin ups vendidos até hoje. Dizem que mais de 12 milhões desse poster dela foram vendidos. Ela ganhou mais com royalties dessa imagem do que seu salário nas Panteras. Eu brinquei a vida inteira de Panteras, mas eu nunca era a Farrah, que era a Jill, eu SEMPRE era a Sabrina, a atriz Kate Jackson no caso, a morena de cabelo liso, bom e a mais inteligente. A Sabrina sempre foi meu ideal de beleza e meu ícone, até hoje. Ah, mas quem morreu foi a Farrah, então, esse foi o famoso poster da Farrah que muito marmanjo deve ter no quarto até hoje:


A Sabrina é a morena de franja:


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puta merda, a Pina Bausch também morreu. Tem uma cena linda dela dançando num dos meu filmes preferidos do Almodovar, Fale com Ela:



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então é isso. post póstumo para os nossos antepassados. a vida passa minha gente. e de repente todo mundo começa a morrer mesmo. eu ja sabia. só não achava que ia ser tão rápido.

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