olá meu amigo,
sao 4:55hs da manhã de quinta feira e eu estou chegando do vegas. vim na sua casa dormir com os gatos. passo os dias na minha casa e as noites aqui pra eles não enlouquecerem. agora peguei a chave do elton, porque acho que o neno também precisa de mim. você nos usa, o elton em milão e eu indo embora. quando vocês voltarem, não estarei mais aqui, no 903. a única pessoa que realmente vai ficar feliz é o meu vizinho de baixo.
ah, as nossas madrugadas de quintas feiras... não sei porque mas nossos bafons sempre foram as quintas feiras.
e assim se passaram 2 anos e meio. a gente atravessando esse hall de meia e de pijama. você sempre com um prato de comida, por mais que eu não pedisse. você sempre me cuidando por mais que eu não quisesse. e eu sempre ali, em casa, esperando você chegar pelo barulho do elevador. por mais que você não soubesse. e era tão legal, que, lógico, acabou logo.
meu coração ficou destruído e partido como ficam as ruas do centro de são paulo depois de uma tempestade, quando eu descobri que tinha que sair.
a luzinha verde que tanto me aconchegava. as novidades, as sacolinhas, os presentinhos do lar escola, a sua opinião.
ah, a sua opinião. todas as mulheres da família são viciadas nela. mas só eu tive o privilégio de tê-la assim, no mesmo andar. minhas amigas tinham ciúmes. eu sei. e eu sempre dizia pra elas, não é tão simples como parece.
ser sua não é fácil, é preciso dedicação. e crescimento. e energia. estar ao seu lado é isso. crescer junto e não ficar pra trás. quem fica parado é poste, já diz aquele lá.
e a sua sinceridade, não sei o que seria de mim sem ela. desde aquela porta do lixo no almoxarifado da galeria ouro fino.
e empacotar tudo sabendo que você não está aqui está sendo mais fácil do que se você estivesse. talvez porque estava dependente demais de você, como diziam por aí.
e não, minha casa não vai ser tão longe como a serra. é logo ali, na pompéia, o bairro que talvez, intimamente, eu sempre quis voltar.
e apesar de você não me confiar a chave da sua casa, sou eu e a graça que estamos cuidando dela tá. todos os dias estamos aqui. e eu juro que nunca roubo nada. só um pouquinho de areia de gato as vezes.
e eu sei que você pensa que estou aqui só pra assistir "vale tudo", mas se não tivesse passando "vale tudo" eu inventava outro motivo pra vir todo os dias pra cuidar deles, só porque sou fiel a você até debaixo d'água.
sou kitsch e você é contemporâneo. sempre fomos assim. e sempre nos misturamos assim.
e eu sei que você vai voltar mais kitsch de são francisco e eu vou voltar pra zona oeste mais moderna. você é na minha opinião, o melhor designer de interiores do mundo. e não estou falando só de casas.
e sei que pra estar junto, não precisa estar perto.
vou sentir saudades das divisões de pessoas no fim de semana. um pouco na minha, um pouco na sua. dividindo o amor, o lexotan, a neosaldina, os filmes piratas e o pen drive em baixo em baixo da porta.
um beijão pra tia geni e pro cledicinho que nem sonham quanto fizeram parte de nossas conversas desconexas. pra mallu, pro amarante, que você me ensinou a gostar. e pra aqueles que ficaram dentro da minha cabeça e eu não consegui por pra fora. porque sou assim, as vezes só gosto de ouvir, mas não sei falar. e quantas vezes dormi ouvindo você falando. e acordei com você falando dormindo.
nunca vou esquecer desse hall. e do dia que descobrimos que só ele nos separaria.
ciao. indo fazer uma conchinha com a fufu e o mathi.
te amo pra sempre.
agora com uma consolação e uma heitor penteado entre a gente.
4 comentários:
gostei da croniquinha, estilo sincero. eh bem. bjs
o melhor designer de interiores do mundo. e não estou falando só de casas.
emotioney.
tão bom alguém falando de amor em dias de hj...
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